JOSÉ ANTONINO DE LIMA 
Proposta: Educação Ambiental nas Escolas Públicas
Proposta: Educação Ambiental nas Escolas Públicas

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FIJ – FACULDADES INTEGRADAS DE JACAREPAGUÁ

CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU EM GESTÃO AMBIENTAL

 

 

 

 

UMA PROPOSTA DE EDUCAÇÃO AMBIENTAL NAS ESCOLAS PÚBLICAS

 

 

 JOSÉ ANTONINO DE LIMA

 

 

  

 

Trabalho monográfico apresentado como requisito parcial para obtenção do grau de especialista em Gestão Ambiental, orientado pelo professor Sérgio Bonati.

 

 

 

 

 

 JACAREPAGUÁ - RJ

2003

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Este trabalho é dedicado a todos os que buscam a justiça social, em harmonia com a natureza.

 

 

 

 

 

 

 

AGRADECIMENTOS

  A Deus, pela sua grandeza, que há de iluminar sempre a mente e o coração dos homens, para que possam  tornar o mundo menos poluído, nos vários sentidos do termo “poluição”.

A FIJ – Faculdades Integradas de Jacarepaguá, pela qualidade institucional, nas pessoas de seus profissionais e funcionários, por manterem um ambiente fértil à evolução do saber.

 Entre estes, sinto-me um débito com o Prof. Sérgio Bonati, no tocante às orientações para a elaboração deste trabalho.

 Aos meus familiares, em especial à minha esposa, Vicentina Pereira da Silva Lima e a todos os meus colegas de trabalho dos turnos matutino e noturno do Colégio Estadual Ministro Santiago Dantas, da cidade de Minaçu – GO, pela confiança e pelo estímulo.

 A todos que direta ou indiretamente, colaboraram comigo nesta pesquisa.

  RESUMO

 A poluição tem forte influência sobre o bem-estar da comunidade. Elaborou-se o presente trabalho bibliográfico e prático, com o objetivo de mostrar a verdadeira situação da poluição urbana sobre o meio ambiente, tomando-se como amostra alunos de 5ª a 8ª séries do ensino fundamental do Colégio Estadual "Ministro Santiago Dantas", Setor Marajoara da cidade de Minaçu - GO, juntamente com professores, pais e a comunidade em geral, procurando trabalhar o assunto realisticamente. A partir de uma visita nos depósitos de lixo do Colégio mencionado, verificou-se a forma atual de disposição de detritos e o projeto de reciclagem mostrou ser viável como um investimento público. Cabe ressaltar, também, a importância da educação ambiental e da coleta seletiva, as quais melhoram a qualidade dos produtos das indústrias e levam à conscientização da população, que passa a cooperar e cobrar do poder público o tratamento adequado do lixo urbano. Depreende-se daí que o social, o tecnológico e o ambiental são aspectos intimamente relacionados de uma mesma realidade. Em conjunto, formam uma rede de problemas interligados, cuja solução é indispensável para manutenção do desenvolvimento econômico. Para este fim, é essencial investir em saúde, educação e em tecnologias que não poluam e que eliminam a poluição já existente.

SUMÁRIO

 

INTRODUÇÃO

1 CONCEITOS NECESSÁRIOS EM EDUCAÇÃO AMBIENTAL

1.1 Ecologia 

1.2 Biosfera

1.3 Ecossistema

1.4 Comunidades e populações

2 A INFLUÊNCIA DO PROGRESSO SOBRE O AMBIENTE

2.1 A crise ambiental decorrente do progresso técnico

2.2. Reciclagem de resíduos e qualidade ambiental

2.3 A repercussão do problema da poluição ambiental

 

3 METODOLOGIA EM TORNO DO TEMA "POLUIÇÃO URBANA E O MEIOAMBlENTE"

3.1 Encontro Ecológico na Escola.

3.2 A educação ambiental em áreas naturais como forma de contribuição à formação de uma mentalidade conservacionista.

3.3 A importância das excursões no ensino de Ciências, Biologia e/ou Geografia

3.4 Análise das condições ambientais da região

4 DISCUSSÃO DOS RESULTADOS

 CONCLUSÃO  

BIBLIOGRAFIA 

ANEXO 

INTRODUÇÃO

 Nas últimas décadas, o homem experimentou uma repentina queda na qualidade de vida motivada pela degradação ambiental exagerada, que resultou numa seqüência de desastres ecológicos como o efeito estufa, buraco na camada de ozônio, redução da biodiversidade, poluição, desmatamento, desertificação, entre muitos outros. O homem, com seu poder de transformação, tem modificado o equilíbrio da natureza, causando problemas que podem ser irreversíveis. Com isso, estamos diante de uma crise de dimensões intelectuais, morais, e espirituais, prestes a nos defrontar com a real ameaça de extinção de toda a vida no planeta.

A escolha da pesquisa deve-se ao fato da atual situação em que se encontra o planeta no que se refere aos problemas ambientais como o efeito estufa, a camada de ozônio, poluição, desmatamento, entre muitos outros.

Nos últimos anos a poluição ambiental passou a ser uma ameaça para a vida de toda a população. O ambiente em que vivemos hoje é o resultado de um processo de transformação contínuo. Graves são os problemas que as mudanças vêm provocando no ambiente, principalmente no próprio homem, como as doenças resultantes do ar poluído e das águas contaminadas.

 O processo acelerado de degradação dos recursos naturais no mundo tem como causas, entre outras, a explosão demográfica e as precárias condições de vida de grande parte da população urbana.

Grandes são os esforços e investimentos do governo e empresariado para o controle da poluição atmosférica, das águas e do solo, mas as ações são voltadas principalmente para as conseqüências dos processos de poluição. Este fato tem trazido resultados, mas, definitivamente, não tem sido suficiente para garantir que tenhamos um ambiente sadio para as atuais ou futuras gerações.

Diante da insatisfação com a qualidade de vida e reconhecendo que as medidas até então adotadas não têm sido suficiente para construir uma sociedade sustentável, busca-se alternativas com base na educação ambiental, visando transmitir o conhecimento básico para a compreensão e o aprimoramento dos valores humanos.

A realização deste trabalho baseia-se na hipótese de que através da educação é possível fazer a transformação de valores e a mudança de atitude das pessoas para a preservação do meio ambiente e que, despertando um espírito novo e solidário nas diversas camadas da sociedade é possível minimizar as causas e efeitos da poluição, principalmente a de natureza urbana.

Serão objetivos do presente trabalho: diagnosticar os conhecimentos e atitudes da população em relação à preservação do ambiente; transmitir informações ou conhecimentos relacionados a atividades que envolvam o consumo de recursos naturais; conscientizar a população quanto à mudança de comportamento em relação às atividades diárias que influenciam na melhoria da qualidade de vida.

O que se pretende com este estudo, é despertar nas pessoas um compromisso com a natureza, na criação de um modelo de relações mútuas e desenvolver ações para melhorar o ambiente e a qualidade de vida nas cidades.

Pretende-se desenvolver atividades educativas e culturais com os alunos e a comunidade, visando estimular o conhecimento e sensibilização sobre as questões ambientais e a compatibilidade entre o meio ambiente e as atividades econômicas na busca do desenvolvimento sustentável.

Pretende-se ainda contribuir para que os aspectos ecológicos e ambientais façam parte da formação cultural na comunidade de nossa escola; ­disseminar conhecimentos sobre os diversos tipos de poluição e degradação ambiental, suas origens, conseqüências e alternativas de controle, com ênfase na questão urbana; despertar sobre a importância da reciclagem do lixo doméstico, minimizando o uso, dos recursos; mostrar que o homem pode produzir e conservar o meio ambiente para garantir as bases de sua existência atual e das futuras gerações.

Este estudo será realizado com alunos de 5ª a 8ª séries do ensino fundamental, juntamente com professores, pais e a comunidade em geral, desenvolvendo ações ambientalistas para que as pessoas envolvidas possam aprimorar a capacidade de valorizar, compreender e se inserir no meio em que vivem. As técnicas e instrumentos de pesquisa que serão empregadas na coleta de dados serão fontes bibliográficas, com base em leituras de livros e revistas acerca do tema. A pesquisa de campo será desenvolvida basicamente em três etapas, com campanhas educativas, passeios ecológicos e outras atividades práticas ligadas ao meio ambiente com os alunos do Colégio Estadual "Ministro Santiago Dantas”, com sede à Rua do Fosfato, nº 212, Setor Marajoara, da cidade de Minaçu-GO.

O Capítulo 1 dissertará sobre os conceitos necessários em educação ambiental, o Capítulo 2 tratará a influência do progresso sobre o ambiente e o Capítulo 3 registrará a metodologia em torno do tema “poluição urbana e o meio ambiente”, enquanto o Capítulo 4 apresentará os resultados do estudo.

 

1 CONCEITOS NECESSÁRIOS EM EDUCAÇÃO AMBIENTAL 

A educação básica tem sido uma prioridade dos últimos governos e grandes avanços são observados atualmente, assim como a tentativa de adequação dos métodos e conteúdos do ensino à dinâmica do mundo de hoje. Contudo, ainda se observa grande oportunidade de melhoria do ensino nas questões relativa ao meio ambiente.

Segundo Ab'Saber (1998), através de atividades práticas ligadas a educação ambiental, com programas simples, de baixo custo "e até com possibilidades de algum retorno econômico, é possível imprimir melhorias no ambiente de convívio do dia-a-dia.

A maioria da população rural tem migrado para as cidades com a esperança de uma vida melhor, com mais recursos na área da saúde, maior oportunidade de emprego, uma melhor educação para os filhos e maior disponibilidade de bens de consumo.

Conforme a Secretaria de Estado do Meio Ambiente do Estado de Goiás (1998), essa migração desordenada trouxe em muitos casos o crescimento urbano e a exploração demográfica e, ao contrário do que se esperava, encontrou precárias condições de vida, desemprego, um sistema de educação para privilegiados e um grande número de doenças resultantes da desinformação do ar poluído e das águas contaminadas.

Nas grandes cidades a quantidade de gases, fumaça, cinzas e partículas de produtos químicos lançados na atmosfera pelas fábricas, pelos automóveis, estão poluindo cada vez mais o ar e seus efeitos prejudiciais a saúde e ao bem estar, já estão sendo notados pelos habitantes: ardência nos olhos, tosse, alergias e doenças pulmonares. Além do prejuízo à saúde, a poluição provoca muitos prejuízos à natureza como a destruição da vegetação, do solo e dos rios.

Um motivo de muita preocupação, é a quantidade de raios  ultravioleta que penetra a atmosfera, enfraquecendo o sistema de defesa do organismo, provocando infecções, gerando muitas doenças como o câncer de pele (Rei gota, 1994: 57).

 A maior preocupação nas grandes cidades é os lixões que, sem controle das autoridades, colocam a população de baixa renda exposta à contaminação por doenças como diarréias, tétano, tuberculose doenças gástricas e leptospirose.

Todos esses males estão ligados ao lixo e fazem explodir o número de casos de algumas epidemias.

Segundo o IBGE, 94% dos municípios brasileiros depositam o lixo hospitalar a céu aberto e apenas 59% separam os dejetos nos hospitais.

Em 1999, o Brasil registrou mais de 529 mil casos de dengue. No nordeste foram 240 mil pessoas infectadas e no sudeste, o mosquito aedes aegypti infectou 230 mil pessoas.

Também, o cólera infectou 2,6 mil pessoas no mesmo período, conforme dados da Fundação Nacional de Saúde.

Desta forma, verifica-se a necessidade de um trabalho de esclarecimento e educação ambiental, despertando nas crianças e adolescentes a consciência dos prejuízos causados, principalmente à saúde, pela falta de conhecimentos e valores em relação ao meio ambiente e a qualidade de vida.

1.1 Ecologia

 Segundo Bornhein (1999), a Ecologia é a área de estudo da Biologia que tem por objeto de estudo as relações dos organismos com o ambiente.

1.2 Biosfera

De acordo com Humberg (1998), a biosfera é a parte da Terra na qual existem organismos vivos. Ela é uma fina película na superfície do planeta, irregular em espessura e em densidade. A atmosfera terrestre é um manto de gás e de pó, mantido perto da superfície pela gravidade.

A atmosfera filtra os danosos raios ultravioletas do Sol e impede a perda de calor da superfície da Terra. A biosfera é afetada pela posição e pelos movimentos da Terra em relação ao Sol e pelos movimentos do ar e da água.

Essas condições causam grandes diferenças de temperatura e pluviosidade de lugar para lugar e de estação para estação. Tais disparidades  se refletem em diferenças nos tipos de vida animal e vegetal.

As grandes formações de seres vivos em terra são chamadas biomas. O bioma terrestre mais rico é a floresta úmida tropical, em que o crescimento não é limitado por falta d'água ou por temperaturas extremas. Na floresta tropical, as árvores são sempre verdes e de folhas largas, caracteristicamente cobertas por trepadeiras e epífitas. Não há quase acúmulo de material em decomposição,.ou húmus (Moreira, 1999: 11).

Os solos tropicais são freqüentemente argilas vermelhas (chamadas lateritas) que sofrem erosão ou se solidificam quando desmatados.

A floresta decídua temperada é um bioma importante da Eurásia e do leste da América Setentrional, nas partes em que o inverno é bem frio e o verão bem quente.

Conforme Moreira (1999), na floresta decídua, as árvores perdem as folhas no outono, o que reduz a perda d'água durante os meses de inverno, tempo em que a água fica imobilizada como gelo.

Ao norte da floresta decídua está a taiga, floresta subártica de coníferas, de larga ocorrência.

As árvores dessa floresta, as coníferas, têm diversas adaptações especiais para a conservação de água e proteção contra frio extremo.

Outras florestas sempre verdes, de folhas aciculares, encontram-se ao longo da costa do Pacifico, no sudeste dos Estados Unidos e também no sudeste da Ásia. Entre a taiga e a região polar norte está a tundra, na qual há poucas árvores, e dominam as plantas perenes baixas.

De acordo com Moreira (1999), as pradarias ficam entre as florestas decíduas e os desertos e têm pluviosidade intermediária entre as destas formações. O crescimento das árvores é impedido não somente pela falta de chuva, mas também pelos animais pastadores (que comem as plantas novas) e pelos incêndios recorrentes. As savanas são pradarias tropicais intermediárias entre as florestas úmidas tropicais e os desertos. As florestas decíduas tropicais ocorrem onde as chuvas são estritamente ligadas às estações.

O Chaparral, um bioma caracterizado por arbustos, encontrado no sul da Califórnia e no Mediterrâneo, tem verões secos, mas abundante chuva de inverno.

As regiões desérticas apresentam pluviosidade muito baixa e temperaturas altas durante o dia. A vegetação principal é constituída de plantas anuais, com estações de crescimento extremamente curtas; os cactos e outras plantas perenes do deserto são altamente adaptadas para conservar água. Os biomas de água doce incluem lagos e lagoas (que são água parada) e rios e correntezas (que são água em movimento) (Margulis, 1990: 113).

Os lagos dividem-se em três zonas ecológicas: a zona litorânea, ao longo da margem, caracterizada por vegetação com raízes, a zona límnica, de água aberta, que se estende até onde a luz penetra e a zona profunda.

A zona litorânea contém rica variedade de vida vegetal e animal, representada por caramujos, muitos insetos e outros invertebrados pequenos.

Os organismos fotossintetizantes da zona límnica são principalmente fitoplâncton; os peixes maiores encontram-se, sobretudo, nessa zona. Não há plantas na zona profunda, os organismos principais são decompositores, inclusive bactérias e fungos.

Os lagos das zonas temperadas ficam, durante o verão e o inverno caracteristicamente estratificados em camadas de temperatura; diferentes e suas águas se misturam de novo na primavera e no outono, redistribuindo oxigênio e nutrientes. A lagoa é um corpo de água relativamente rasa, tal que pela maior parte de seu fundo podem crescer plantas com raízes.

A vida nos rios e correntezas é determinada em grande parte pela rapidez da corrente. Em água de movimento rápido, os organismos são encontrados principalmente nas cascatas, presas às rochas e ajustados em reentrâncias.

Os mares abertos têm duas divisões distintas de vida: a pelágica (planctônica) e a bentônica (de fundo).

A vegetação fotossintetizante do mar aberto é quase inteiramente plâncton - algas unicelulares flutuantes.

O plâncton vegetal (fitoplâncton), misturado com plâncton animal (zooplâncton), fornece o alimento básico para peixes e animais de águas profundas e também para a vida esparsa, mas diversificada, de animais, fungos e bactérias do fundo, propriamente dito, dos oceanos (Margulis, 1990: 114).

Os padrões de circulação aérea, juntamente com a rotação da Terra, produzem as grandes correntes oceânicas. Essas correntes modificam a temperatura das águas litorâneas e dos continentes.

A zona mais rica de vida oceânica é o recife de coral, constituído de corpos e de esqueletos celenterados, aos quais se unem algas simbióticas.

Os litorais incluem as costas rochosas, as praias arenosas, as praias lamacentas e os estuários, cada qual com a sua variedade característica de vida.

Os alagados dos estuários são um local de criação para muitas formas imaturas de vida marinha.

1.3 Ecossistema

Para  Bornhein (1999), ecossistema, ou sistema ecológico, é uma unidade de organização biológica constituída por todos os organismos de uma certa área e pelo ambiente em que esses organismos vivem.

Caracterizam-se por interações entre os componentes vivos (bióticos) e ou não vivos (abióticos).

Essas interações resultam num fluxo de energia do Sol, através dos autótrofos, para os heterótrofos, e numa ciclagem de minerais e de outros materiais inorgânicos.

Dentro de um ecossistema existem níveis tróficos (de tomada de alimento). Todos os ecossistemas possuem pelo menos dois níveis tróficos: os autótrofos, que são plantas ou algas fotossintetizantes, e os herbívoros, que geralmente são animais. Os autótrofos, produtores primários de ecossistema, convertem uma pequena proporção (acima de 1 por cento) da energia do Sol recebida em energia química. Os herbívoros, que comem os autótrofos, são os consumidores primários. Um carnívoro que come um herbívoro é um consumidor secundário, e assim por diante.

Cerca de 10 por cento da energia transferida a cada nível trófico são armazenados nos tecidos corporais. Raramente há mais do que cinco elos em uma cadeia alimentar.

Os movimentos de água, carbono, nitrogênio e minerais através dos ecossistemas são chamados ciclos biogeoquímicos. Neles, materiais inorgânicos do ar, da água ou do solo são tomados pelos produtores primários, passados para consumidores, e finalmente transferidos para decompositores, representados principalmente por bactérias e fungos. Os decompositores quebram material orgânico morto e o devolvem ao solo ou à água numa forma novamente utilizável pelos produtores primários.

A presença, retenção e reciclagem dos minerais são influenciadas por algumas características do solo. Essas características incluem a rocha que originou o solo, a presença de húmus na superfície do solo, a composição deste e seu pH. Íons com cargas positivas são retidos no solo por partículas de argila negativamente carregadas.

Os solos e a vida vegetal exercem influência mútua. As plantas aumentam a disponibilidade de minerais no solo e afetam sua textura; essas modificações, por sua vez, melhoram a capacidade do solo para sustentar vida vegetal, o que leva a novo aumento no conteúdo de húmus (Fellenberg, 1990: 199).

 A ciclagem do nitrogênio a partir do solo, através dos corpos das plantas e dos animais e de volta ao solo é chamada ciclo do nitrogênio, implica várias fases.

O nitrogênio chega ao solo na forma de material orgânico de origem animal ou vegetal. Esse material é decomposto pelos organismos do solo.

A amonificação, que consiste na quebra de moléculas nitrogenadas a amônia (NH3) ou o anônio (NH4+), é realizada por certas bactérias e fungos do solo. A nitrificação é a oxidação da amônia ou do amônio a nitritos e nitratos; essas fases são realizadas por dois tipos diferentes de bactérias.

O nitrogênio é absorvido pelas plantas quase exclusivamente na forma de nitrato. Dentro da planta os nitratos são reduzidos a amônio por meio de um grupo carbonado. As substâncias orgânicas nitrogenadas são, finalmente, devolvidas ao solo, por morte e decomposição, o que completa o ciclo do nitrogênio.

O solo perde nitrogênio pelas colheitas, pela erosão, pelo fogo, por lavagem e por desnitrificação. A quantidade de nitrogênio do solo é aumentada pela sua fixação, que consiste na incorporação de nitrogênio provindo do ar em compostos orgânicos.

A fixação biológica do nitrogênio é realizada inteiramente por microorganismos, inclusive algas azuis, ou por uma associação simbiótica de bactérias (Rhizobium) com plantas leguminosas.

Se um dos nutrientes inorgânicos necessários ao organismo deixa de ocorrer, cessa o crescimento e a reprodução. Além disso, qualquer dessas substâncias, se presentes em quantidades excessivas, pode ser inibidora ou tóxica.

Cada organismo tem um âmbito de tolerância em que pode crescer. Esse âmbito difere para elementos nutricionais diferentes e também para outros fatores ambientais.

O elemento que determina se um certo organismo pode crescer em certa área á chamado fator limitante.

A sucessão ecológica é uma sequência ordenada de modificações no tipo de vegetação e de outros organismos de uma determinada região. A sucessão primária ocorre em áreas previamente não ocupadas por organismos vivos, enquanto a sucessão secundária ocorre em áreas perturbadas, das quais a vegetação foi removida. Os dois tipos de sucessão resultam de modificações produzidas pelos próprios organismos vivos e culminam no estabelecimento de uma comunidade clímax, que é a comunidade característica para aquela região (Fellenberg, 1990: 1999).

O amadurecimento dos ecossistemas é acompanhado por aumento em biomassa e em número de espécies.

O sistema maduro caracteriza-se por maior estabilidade em comparação com o sistema imaturo.

1. 4 Comunidades e populações

De acordo com Bornhein (1999), população é um grupo de organismos da mesma espécie ocupantes de uma determinada área em um determinado tempo. Uma comunidade consiste no conjunto de todas as populações de uma certa área.

A hipótese da exclusão competitiva prevê que somente uma espécie possa ocupar o mesmo nicho ecológico em um dado momento e que, quando duas espécies competem pelo mesmo nicho, uma é eliminada. O tamanho de qualquer população é determinado pelas taxas de natalidade e de mortalidade. A taxa de natalidade teórica de uma população – seu potencial reprodutivo – é exponencial (isto é, 2, 4, 9, 16, 32); quanto maior for o número de indivíduos de uma população, tanto mais rapidamente ela crescerá.

A taxa de crescimento de uma população que se expande pode geralmente ser tabulada por uma curva sigmóide, que começa lentamente, aumenta de modo exponencial durante um certo tempo, e depois se nivela, à medida que a população atinge os limites de algum recurso disponível, como alimento, espaço, ou, no caso de organismos aquáticos, oxigênio. Na maioria das comunidades, a taxa de mortalidade de uma espécie é aproximadamente igual à taxa de natalidade, e a população permanece relativamente estável de uma geração para a seguinte.

Fatores bióticos e abióticos desempenham um papel na regulação natural de abundância dos organismos. Esses fatores podem ser independentes de densidade (temperatura ou duração do dia) ou dependentes de densidade (fonte de alimento ou predação) Os tipos e a abundância dos organismos em uma comunidade dependem não somente dos fatores abiótipos, mas também de fatores biótipos, das interações entre as várias populações (Orth, 1999: 49).

Entre os tipos de interação está a competição, que pode resultar na eliminação de uma espécie (caso das angiospermas do gênero Lemna) ou sua conformidade a um quadro não competitivo (cracas e icterídeos).

As plantas competem às vezes uma com a outra, produzindo substâncias tóxicas que limitam o crescimento de espécies próximas. Esse fenômeno é chamado alelopatia. Serôa da Mata (1990) afirma que:

A simbiose é a associação estreita entre organismos de espécies diferentes. A associação pode ser benéfica a ambos os organismos (mutualismo), benéfica a um e inócua ao outro (comensalismo), ou benéfica a um e prejudicial ao outro (parasitismo). Em alguns casos de simbiose, como no dos liquens e das formigas cultivadoras de fungos, as formas associadas não podem viver separadas. A maioria das doenças nos organismos é causada por parasitas. A maior parte dos parasitas não mata o hospedeiro e quase nunca extermina populações inteiras. Os parasitas tendem a adaptar-se tão completamente aos seus hospedeiros que passam a depender completamente desses. Os níveis tróficos de um ecossistema estão ligados por associações predador-presa. Essas associações exercem papel regulador no tamanho das populações e profundos efeitos evolutivos nas diversas espécies implicadas (Serôa da Mata, 1990: 119).

As plantas e os animais desenvolveram uma variedade de processos de defesa contra a predação. Esses tipos de defesa incluem a “armadura” e outras formas de proteção física, como as observadas, nos cactos, tatus, tartarugas e numerosos organismos, e armas químicas, tais como venenos de plantas e secreções aversivas de insetos. Muitos organismos se camuflam.

Alguns insetos vieram a assemelhar-se a organismos de outra espécie, seja para exibir um dispositivo protetor eficaz que tenham em comum com essa outra espécie (mimetismo mülleriano), seja para “dar a impressão” de possuírem esse dispositivo, embora na verdade, não o possuam (mimetismo batesiano).

Todas essas associações contribuem para determinar o caráter da comunidade e dos organismos que nela vivem.

 

2 A INFLUÊNCIA DO PROGRESSO SOBRE O AMBIENTE

Na Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente Humano, realizada em 1992 em Estocolmo, o meio ambiente foi definido como o sistema físico e biológico global em que vive o homem e outros organismos, sendo o impacto ambiental definido como uma alteração no meio ambiente ou em algum de seus componentes (Margulis, 1990: 38).

O impacto pode ser considerado negativo, quando causa prejuízo à qualidade dos bens ambientais.

Durante longo período da história, o impacto ambiental das atividades econômicas não foi relevante, ou não foi assim considerado, porque a capacidade de produzir, assim como a de degradar o meio, eram insignificantes em relação à disponibilidade e qualidade dos recursos.

Com o desenvolvimento tecnológico, o problema ambiental assumiu proporções maiores, acompanhando o crescimento da riqueza e da população. Por sua vez, a falta de infra-estrutura sanitária é um, dentre vários fatores, que revelam a outra face da questão ambiental: a poluição gerada pela pobreza.

Ao final do século XX, a humanidade defronta-se com uma realidade extremamente contraditória.

De um lado, o avanço da ciência e sua incorporação como força produtiva legaram à sociedade moderna uma extraordinária capacidade de manipulação sobre a matéria. De fato, a sociedade possui, hoje, uma estrutura produtiva tal que lhe permite extrair um grande volume de recursos da natureza e, com alta eficiência, transformados em bens para o consumo humano.

O mundo assiste à ascensão de uma nova ordem econômica, motivada pela revolução, científico-tecnológica que, decorrente de volumosos investimentos em pesquisa e desenvolvimento, abre possibilidades para uma geração de riquezas antes inimagináveis.

Paradoxalmente a grande maioria dos mais de 5 bilhões de habitantes (2001) da Terra vive em uma situação de carência de condições básicas de sobrevivência.

Populações pobres constroem suas residências sobre os lixões das cidades e contaminam-se com o lixo e a água infectados, entres outros problemas ambientais comuns a países pobres e subdesenvolvidos como o Brasil.

 A crise ambiental está em gestação há muito tempo, embora apenas hoje se expresse de forma nítida e ameaçadora. Para que se possa encaminhar uma solução para o problema, é essencial uma mudança na concepção de desenvolvimento econômico, uma maior responsabilidade social e uma transformação cultural.

2.1 A crise ambiental decorrente do progresso técnico

Segundo Young (1998), em busca de maximizar os lucros, as unidades produtivas não hesitam em consumir à revelia os recursos naturais e usufruírem do meio ambiente, de forma irresponsável. A racionalidade econômica, voltada para interesses imediatos, não considera a oferta e a demanda das gerações futuras, e nem tampouco o dano sobre a natureza, decorrente das decisões de investimento. Assim, os danos ecológicos foram manifestando sua força a longo prazo, propagando-se pelo meio através de uma cadeia de intrincados processos físicos e biológicos, tornando difícil a mensuração dos seus impactos sobre produção e a saúde humana.

Criou-se, assim, a ilusão de que o equilíbrio ecológico fosse inabalável e de que os recursos naturais pudessem ser utilizados indiscriminadamente. Além disso, como os bens ambientais encontram-se livres na natureza e não sujeitos ao mercado, para sua aquisição, o seu preço é nulo e a sua propriedade não é privativa a ninguém. Em razão disto, o impacto sobre o meio ambiente não apresentou-se como uma variável capaz de sociedade, por sua vez, perceber tais efeitos de forma dispersa no espaço e no tempo, de modo que não formou-se qualquer objeção forte o bastante para se opor aos interesses econômicos responsáveis pela degradação ambiental. Dessa forma, o progresso técnico dinamizou a economia, criou novos produtos, expandiu o mercado e levou a um aumento dos lucros. No entanto, gerou também uma exploração crescente dos recursos naturais e, o que poderia representar uma forma mais eficiente e harmoniosa de lidar com a natureza, acabou tornando-se um instrumento de destruição do meio ambiente. O desenvolvimento tecnológico, especialmente neste último século, ocorreu com vigor tal, que a partir de um ponto de sua evolução, a tecnologia adquiriu certa autonomia. A esse respeito, Bornhein (1999) argumenta que:

É como se a própria tecnologia passasse a comandar o seu destino e a sua necessidade. Por um lado ela continua dócil ao comando humano, mas, por outro, o seu agigantamento tende a tornar-se sempre mais incontrolável. A técnica pode salvar, mas representa também o perigo, ela é sem dúvida necessária para a salvação da humanidade, mas esconde em seu bojo necessariamente o perigo da destruição. De certo modo, é ela que passa a dominar e a decidir, revelando nisto uma margem de irracionalidade surpreendente, que se aproxima do incontrolável.

As forças da razão instrumental, as quais constituem a base cientifica da revolução tecnológica, tendem a desrespeitar qualquer limite, qualquer forma de autocontrole. Elas são constituídas por um complexo de fatores que se estendem do individualismo capitalista à suficiência por assim dizer fatalista das inovações tecnológicas. É em face desta verdadeira avalanche, cega aos limites entre transformação e depredação, que deve educar-se a consciência critica (Bornhein, 1999: 19).

Percebe-se, portanto, o caráter ambíguo da tecnologia. Por um lado, ela permitiu a expansão industrial, num segundo momento levou à superação do industrialismo como força propulsora do desenvolvimento econômico e, na atualidade, inaugura uma nova etapa de desenvolvimento, baseada nas tecnologias de ponta. Como se pode verificar, a tecnologia dotou o setor privado de uma grande capacidade para executar investimentos, que resultaram em elevados retornos econômicos. Todavia, isto não significou que toda a sociedade tenha se beneficiado com este crescimento.

Hoje, os distúrbios ambientais comprometem as possibilidades de manutenção do próprio processo de desenvolvimento. Assim sendo, a ciência tem-se voltado para a questão ecológica e o pensamento econômico e, em uma etapa mais recente de sua evolução, criou o conceito de desenvolvimento auto-sustentável, o qual expressa novos valores, associados aos recursos naturais e ao ambiente (Bezerra e Costa, 1992: 99).

 De acordo com essa percepção, a noção do desenvolvimento deve considerar também a proteção dos recursos naturais e a manutenção da qualidade de vida das gerações futuras. Um sistema deste tipo deve ser não só viável economicamente, como também deve apresentar equilíbrio ecológico e equidade social.

A internalização de tais fatores ao conceito de desenvolvimento nos remete à análise dos aspectos sociais e ambientais vinculados ao crescimento econômico.

Enquanto os capitalistas se apropriam dos frutos do progresso técnico através da taxa de lucro, a redução dos cursos e a intensificação do ritmo de trabalho tendem a deslocar para outra esfera, que não a dos organizadores da produção, os ônus do progresso técnico. Doenças ocupacionais, falta de segurança no trabalho, poluição do ar, água e solo, destruição da flora e da fauna e a queda da qualidade nutritiva dos alimentos, entre outros efeitos indesejáveis, tornam-se cursos sociais que oneram a classe trabalhadora, em particular, e a população em geral: afetam a qualidade de vida e o meio ambiente negativamente (Moreira, 1999: 39).

Como os grupos de baixa renda têm fraco poder de barganha, seus interesses normalmente não são satisfeitos através da negociação. Além disso, a baixa capacidade de geração de rendimentos financeiros faz com que os custos e os benefícios sociais e ambientais de projetos vinculados à população carente, tenham valor menor do que projetos, em que o grupo contemplado apresenta maior disponibilidade de renda. Nestes casos, embora polêmico, alguns preconizam o uso de pesos redistributivos, ponderando os rendimentos recebidos por classes de renda inferiores, com pesos superiores aos dos grupos mais ricos.

É importante ressaltar que os principais problemas ambientais afetam as diversas camadas sociais em intensidades distintas. O rápido crescimento industrial no Brasil foi acompanhado pelo inchaço dos centros urbanos, os quais não conseguiram reproduzir as condições adequadas ao bem-estar de suas populações.

Assim sendo, as camadas de maior renda puderam desfrutar amplamente das melhores opções de vida oferecidas pelas cidades, enquanto as classes carentes foram deslocadas para as periferias e favelas, onde, ainda hoje, as condições sanitárias são precárias e o perigo de contato com os dejetos humanos e com a poluição industrial é bem maior.

As dificuldades de moradia, de acesso aos órgãos de saúde e de condições sanitárias tornam as populações pobres indefesas em relação à poluição.

Nas áreas periféricas são feitos os lixões a céu aberto, os quais servem de atrativo para certas populações carentes viverem da coleta de detritos, em condições subumanas, à mercê dos focos epidêmicos, veiculados pelo lixo urbano.

2.2 Reciclagem de resíduos e qualidade ambiental

A atividade econômica não é capaz de violar as leis de conservação da matéria e da energia e, por isso, pode-se dizer, segundo Chacel (1998), que todos os materiais num sistema econômico ao início de um ano, somados àqueles extraídos da natureza ao longo deste ano, igualam-se àqueles existentes no sistema ao final do ano, mais aquele que é retornado ao ambiente durante o ano.

Em um prazo maior, todo produto da sociedade transforma-se em resíduo, lançado ao meio ambiente.

Resíduos são descarregados no meio ambiente em todos os estágios da atividade econômica: extração, processamento, distribuição e consumo. Tanto as empresas, quanto os consumidores, lançam resíduos no meio ambiente.

O lançamento direto ocorre quando o material é retornado ao meio por quem o gerou e o indireto é feito quando quem retorna com o material ao meio é diferente de quem o rejeita, como é o caso, por exemplo, da disposição do lixo urbano, feita por empresas ou órgão público de limpeza.

A extração e o processamento de matérias-primas estão entre as atividades humanas mais destrutivas. A extração da madeira usualmente arruína ecossistemas florestais, e a transformação de árvores em papel e outros produtos da madeira envolvem vários processos altamente poluentes.A mineração constantemente elimina quaisquer ecossistemas ou instalações humanas assentados em regiões sob os quais haja depósitos minerais. A extração e purificação de metais a partir de seus minérios exigem grandes quantidades de energia e produz grandes quantidades de poluição e de resíduos. Infelizmente, grande parte dos danos resultantes da produção de matérias-primas ocorre em áreas remotas e, portanto, a maioria das pessoas sabe pouco a respeito disso. A outra extremidade do ciclo é mais familiar. As economias industrializadas acabam excretando como resíduos a maior parte das matérias-primas que elas devoram. Esse refugo coloca um gigantesco problema de remoção, trazendo à tona o sistema mais visível do consumo desregrado de materiais: a crise do lixo (Young, 1998: 99).

Tal crise é decorrente de um sistema econômico global, edificado sobre o uso ineficiente de matérias-primas e da energia. Os efeitos sobre o meio ambiente vão desde o esgotamento de recursos, aos danos contínuos que a sua extração, processamento e descarga impõem ao meio ambiente.

À medida que a intensidade do uso de materiais parece estar caindo na produção industrial, especialmente nos setores de ponta, o crescimento contínuo da geração de resíduos sólidos indica que o acúmulo destes está crescendo no setor de produtos de consumo.

Muitas nações industrializadas compartilham de uma abordagem oficial, no que diz respeito a uma hierarquia de estratégias, para o tratamento do lixo. Esta hierarquia parte de uma lista de opções administrativas em ordem de prioridades:

1. Redução das fontes de produção de lixo (evitando em primeiro lugar a geração de detritos).

2. Reutilização direta de produtos.

3. Reciclagem de resíduos.

4. Incineração, com recuperação de energia.

5. Como último recurso, o aterro sanitário.

 A reciclagem de resíduos e a recuperação e a conversão de materiais residuais em novos produtos. O valor relativo de diferentes tipos de reciclagem pode ser ordenado: o mais valioso é a produção de novos produtos, a partir de produtos semelhantes e já usados, o menos valioso é a conversão de materiais residuais em produtos com características físicas inferiores.

O critério básico está em saber se o material recuperado substitui um material virgem na produção, fechando assim o círculo.

O objetivo global consiste em reduzir a quantidade de materiais, que entra na economia e que dela sai, evitando assim os custos ambientais de extração e do processamento de materiais virgens, e da remoção de detritos.

As reciclagens do vidro, do aço e do alumínio, todas elas comumente poupando o uso de materiais virgens, posicionam-se muito além segundo esse critério.

Todas as três economizam quantidades consideráveis de energia e de poluição, compartilhados com a produção dos mesmos materiais virgens.

Para cada tonelada de alumínio reciclado economiza-se cinco toneladas de bauxita e 95% de energia, enquanto a produção de vidros, a partir da reciclagem economiza 30% de energia.

A indústria de vidros pode utilizar até 50% de cacos em seu processo produtivo, sem alterar a qualidade obtida com matérias-primas virgens.

Em 1999, a produção nacional de vidro atingiu 1,6 milhão de toneladas, sendo 52% deste total utilizado pela indústria de embalagens, enquanto o volume de cacos utilizados foi de 290 mil toneladas, ou a terça parte da capacidade instalada, conforme dados da Revista Saneamento Ambiental (1990).

Algumas formas de reciclagem de plásticos, tais como a fabricação de novas embalagens a partir de velhas, também poderiam ocupar o alto da hierarquia. No entanto, outras formas, tais como a produção de “bugigangas”, a partir de uma mistura de plásticos, são menos valiosos.

A reciclagem de plásticos ainda não atingiu taxas próximas daquelas que são hoje obtidas para metais, vidro e papel.

Várias pesquisas têm sido feitas para aproveitamento de resíduos plásticos, resultando na obtenção de alguns produtos como: bancos e mesas, postes e material plástico.

Quanto ao papel, cada vez que é reciclado, suas fibras tornam-se mais curtas, fazendo com que o novo papel seja mais fraco. No entanto, a reciclagem de papel representa significativa economia de recursos florestais, já que a cada tonelada de papel produzido são necessários 60 eucaliptos com idade média de sete anos.

Os programas comunitários de reciclagem segundo Young (1998) classificam-se em duas categorias: reciclagem parcial e reciclagem intensiva.

A primeira é caracterizada pela participação voluntária de membros de comunidade e restringe-se a um número limitado de materiais. Raramente atinge taxas de reciclagem global superiores a 15%, servindo de auxílio a sistemas de administração do lixo, que contam, basicamente, com aterros ou incineradores.

O segundo tipo de programa inclui uma separação abrangente de materiais, recuperação de todos os artigos reutilizáveis ou recicláveis e produção de adubos de lixo orgânico.

A reciclagem intensiva é considerada substituto e não um complemento de incineração. Esta, por sua vez, além de ser cara, apresenta problemas de produção em alguns casos, reduz o lixo a ser aterrado em perto de 50%, inferior, assim, à reciclagem intensiva. 

No caso da economia de energia, a reciclagem de papel pode poupar até cinco vezes mais do que pode ser recuperada por meio da incineração e, no caso do plástico duro, a reciclagem quase duplica a energia com incineração.

Ao contrário da primeira lei da termodinâmica, que realça a conservação da energia, através de sua transformação de uma forma ou de outra, proclamando a sua abundância ilimitada, a segunda lei (da termodinâmica da entropia) enfatiza os limites impostos à utilização de energia.

Esta indica que a transformação da energia com perda colaterais, ou seja, sempre que a energia é utilizada, há uma parcela que não é aproveitada, mas sim, dissipada, transformando-se em energia não disponível, incapaz de realizar trabalho.

A entropia é uma medida de energia disponível, isto é, quanto maior a entropia, menor será a energia disponível. Todos os tipos de energia transformam-se, gradualmente, em calor e este se dissipa de tal modo que, afinal, o homem não está em condições de utilizá-lo.

Se uma quantidade de trabalho é transformada em calor, torna-se impossível que esse calor volte a converter-se na quantidade original de trabalho. Portanto, uma dada quantidade de baixa entropia (energia disponível) só pode ser utilizada uma vez e, ao ser utilizada, leva a um aumento da energia dissipada, ou seja, a baixa entropia tende a desaparecer, contínua e a entropia do ambiente sempre aumenta, à medida que a energia é utilizada.

 Assim, a alta entropia é um indicador de desordem (de dissipação), e neste sentido, ao longo do tempo, a energia tende a degradar-se.

A vida econômica nutre-se de baixa entropia. Considerando-se tanto os materiais, quanto à energia, pode-se dizer que o processo econômico transforma os inputs de recursos valiosos (baixa entropia) em outputs finais de resíduos (alta entropia), satisfazendo através deste movimento necessidades humanas.

A luz da segunda lei da termodinâmica torna-se essencial a criação de hábitos de moderação no uso da energia e políticas de conservação de energia.

A reciclagem de resíduos permite que se utilize baixa entropia, em menor quantidade do que aquela necessária para produzir bens, a partir das matérias primas originais.

Deve-se observar, no entanto, que, ao contrário dos materiais, a energia, uma vez dispersa no ambiente, nunca mais pode ser reciclada, a não ser que se utilize aquela que está embutida nos materiais residuais (incineração, com recuperação de energia), mas, ainda assim, com perdas no processo.

A vantagem da reciclagem reside no fato de que ela consome menos energia, do que a produção dos materiais virgens, além de reduzir a taxa de exploração dos recursos naturais.

2.3 A repercussão do problema da poluição ambiental

Dentre as várias formas de poluição do meio ambiente, este estudo destaca como objeto de estudo, aquelas decorrentes dos detritos sólidos, conhecidos como lixo. Este pode ser definido, genericamente, como o conjunto de resíduos sólidos e pastosos resultantes da atividade humana. Sua inadequada disposição e tratamento pode levar à poluição do solo, do ar e das águas subterrâneas e superficiais e constitui-se problema de saúde pública.

Como afirma Pereira Neto e Bohnenberger (1992), o lixo constitui um sério problema sanitário, quando não recebe os cuidados convenientes.

As medidas tomadas para solucionar este problema têm, em comum com outras medidas de saneamento, o objetivo de prevenir e controlar doenças a ele relacionadas.

Além disto, visam ao efeito psicológico que uma comunidade limpa exerce sobre os hábitos e costumes da população em geral, facilitando a instituição de hábitos correlatos. Em etapa de evolução maior, visam atender ao senão estético, diminuindo e eliminando certas incomodidades.

O mesmo autor acrescenta que o lixo constitui problema sanitário porque, sendo mal cuidado, favorece a criação de insetos, como moscas e mosquitos, responsáveis pela transmissão de 23 doenças, tais como: diarréias infecciosas, amebíase, febre tifóide e paratifóide, helmintoses e outras parasitoses, bouba, difteria, tracoma, etc.

Os lixões serve, ainda, de criadouros e esconderijos de ratos, animais que transmitem 19 doenças, entre elas o tifo murino e a leptospirose, que pode ser fatal.

Segundo Young (1998), as nações com mercados industriais desenvolvidos perceberam durante as duas últimas décadas, que a escala e a composição dos detritos urbanos são incompatíveis com o fato de se aterrar continuamente o lixo. Os locais com lixo aterrado geram problemas decorrentes do vazamento de chorume de gás metano, resultando em perigo de incêndio.

O agravamento da questão da disposição de resíduos sólidos, além de estar associado ao aspecto sanitário e de contaminação do meio, também relaciona-se ao problema da escala de produção e do padrão de consumo, baseados em artigos descartáveis. Estes são responsáveis pela escassez de matérias primas e de energia, e pela grande quantidade de lixo gerado.

Essas características da sociedade moderna impõem a necessidade d se aumentar a produtividade dos recursos extraídos e de evitar-se o consumo desregrado de matérias primas e energia.

No outro extremo do ciclo produtivo, coloca-se o problema da escassez de espaços disponíveis para a disposição dos restos da produção e do consumo. Nessa perspectiva, torna-se justificável a inclusão de projetos de reciclagem, como uma das alternativas disponíveis ao setor público, para implementar políticas de disposição de resíduos, ou seja, a relevância do problema do lixo é reforçada, quando este é pensado de forma integrada ao processo produtivo, levando-se em consideração os efeitos positivos de uma adequada disposição de resíduos sobre a produção, a sociedade e o meio ambiente. De fato, muitos recursos naturais são insumos, cuja produtividade pode ser aumentada através da reciclagem. Esta gera ainda um efeito positivo de minimização de resíduos a serem aterrados.

O meio rural também pode ser beneficiado por uma adequada disposição do lixo urbano, uma vez que esta, normalmente, é feita em regiões periféricas das cidades, situadas na área rural.

Como no Brasil a disposição do lixo geralmente não obedece às normas de controle sanitário, os efeitos são custos sociais impostos ao setor rural, além de um aumento no curso do transporte, pago pela população urbana, à medida que as cidades crescem.

Por sua vez, a reciclagem da matéria orgânica, através de um processo bem gerenciado, que resulte em um composto de boa qualidade, tem uma série de aplicações, tais como: recuperação de solos desgastados, proteção contra erosão, aplicação em parques e jardins, utilização agrícola e em áreas de reflorestamento e uso conjugado com fertilizantes químicos, melhorando a absorção destes pela planta.

Além disso, os produtos industriais reciclados podem gerar receitas ao município, abatendo os custos da disposição de lixo.

Embora a disposição de resíduos seja um tema de alta relevância no que diz respeito ao bem-estar social, existe uma grande carência de dados sobre o assunto, que contribui para a baixa qualidade desses serviços na maior parte do país. Pouco se sabe a respeito da quantidade e composição do lixo das cidades brasileiras e sua evolução ao longo do tempo. A falta de estudos multidisciplinares dificulta a avaliação econômica e social dos sistemas de disposição de lixo.

Assim sendo, estudos voltados para esse tema são essenciais à ciência e à sociedade, no sentido de contribuir para uma compreensão maior do problema e fornecer informações relevantes às autoridades responsáveis pela implementação de políticas de saneamento.

 

3 METODOLOGIA EM TORNO DO TEMAPOLUIÇÃO URBANA E O MEIO AMBIENTE

Destacamos nesta parte do trabalho envolvendo a questão do impacto ambiental os objetivos citados, que são: desenvolver atividades econômicas educativas e culturais com os alunos e a comunidade, visando estimular o conhecimento e sensibilização sobre as questões ambientais e a compatibilidade entre o meio ambiente e as atividades econômicas na busca do desenvolvimento sustentável; contribuir para que os aspectos ecológicos e ambientais façam parte da formação cultural na comunidade de nossa escola; disseminar conhecimentos sobre os diversos tipos de poluição e degradação ambiental, suas origens, consequências e alternativas de controle, com ênfase na questão urbana; despertar sobre a importância da reciclagem do lixo doméstico, minimizando o uso dos recursos e mostrar que o homem pode produzir e conservar o meio ambiente para garantir as bases de sua existência atual e das futuras gerações.

Trabalhou-se com os alunos atividades diversas, mostrando os perigos e os cuidados que se deve ter com as doenças respiratórias, alérgicas, cancerígenas; leptospirose, dengue e conjuntivite (pois este está sendo um grande problema na nossa escola e região).

Foram realizadas atividades educativas sobre Educação Ambiental envolvendo a escola e a comunidade, através de campanhas, palestras, visitas a lixões, questionários, coleta seletiva de lixo, reciclagem, pré-reciclagem.

Estão sendo realizadas em uma escola pública da cidade de Minaçu-GO, com a participação dos alunos, professores, pais, funcionários, as seguintes atividades: jardinagem; horta escolar (com a participação da Prefeitura Municipal de Minaçu-GO, mudas, adubos e orientação técnica) e a compostagem (coleta seletiva do lixo orgânico, reciclando-o com o objetivo de produzir adubo para horta e jardim de nossa escola).

A poluição ambiental passa a ser uma ameaça para vida de toda a população.

A maioria da população rural começou a migrar-se para as cidades com a esperança de uma vida melhor, daí provocando o crescimento urbano e a explosão demográfica.

Consequentemente, várias mudanças vêm sendo provocadas no ambiente e, principalmente, no próprio homem, resultante do ar poluído e das águas contaminadas.

O objetivo do trabalho baseou-se em mudanças de atitudes de valores, despertando um espírito novo, solidário para minimizar as causas e efeito da poluição urbana, buscando alternativas para melhoria na qualidade de vida.

Segue em anexo um projeto realizado em busca de um Programa de Educação Ambiental.

3.1 Encontro Ecológico na Escola

 Objetivos

1. Objetivo imediato: abrir um espaço de integração entre as pessoas que estão envolvidas com a Educação Ambiental.

2. Objetivos mediatos:

- definir Educação Ambiental e as condições de seu exercício na realidade brasileira.

- registrar e analisar experiências de Educação Ambiental formal e informal.

- discutir propostas de Educação Ambiental formal e informal aplicáveis à realidade brasileira.

Metodologia

Os trabalhos expostos nos painéis da Escola foram agrupados nos seguintes temas:

 1. Educação Ambiental na Escola

 2. Educação Ambiental fora da Escola

 3. Educação Ambiental Comunitária

 Durante a exposição, houve discussão informal entre apresentadores (alunos de 5ª a 8ª séries) e público.

Em seguida, os participantes do Encontro organizaram-se em grupos de trabalho visando delinear problemas comuns, motivações, resultados alcançados, perspectivas, bem como conclusões para apresentar em grupos em sala de aula.

 3.2 A Educação Ambiental em áreas naturais como forma de contribuição à formação de uma mentalidade conservacionista

 Objetivos

Desenvolver atividades de sensibilização que estimulem o indivíduo sobre as suas relações consigo mesmo e com o meio ambiente.

Mostrar aos alunos que a destruição do meio ambiente é conseqüência de uma crise de valores éticos, além de uma falta de equilíbrio interior do homem.

Descrição

As atividades foram desenvolvidas com alunos de 5ª a 8ª séries de uma escola pública da cidade de Minaçu-GO. Os alunos de 5ª séries participaram de jogos e brincadeiras em que eram levadas a ouvir sons de animais, dos riachos, a sentir o cheiro e a textura das folhas, além de condicionar a visão dentro da floresta para encontrar objetos diversos escondidos ao longo de uma trilha.

Na faixa das 6as séries, além de jogos ecológicos, foram realizadas caminhadas de dia, quando eram realizadas observações da fauna e da flora locais. Na faixa de 7as e 8 as  séries, as caminhadas eram mais longas, duas foram à noite e os alunos eram orientados quanto ao funcionamento dos ecossistemas visitados.

Resultados

Em cada faixa escolar houve diferentes níveis de preconceitos com relação á floresta e aos seres que vivem nela, como, por exemplo, medo de animais e do interior da mata. Nossa proposta de trabalho foi mudar atitudes desse tipo, pois, para conservar a natureza, è preciso gostar dela.

Propostas futuras

Aperfeiçoar as atividades de campo e as de dinâmicas de grupo, das continuidade ao trabalho na própria escola através de cursos, palestras e debates.

3.3 A importância das excursões no ensino de Ciências, Biologia e/ou Geografia

Objetivos

Incentivar, nas escolas, a realização de atividades extra-classe. Estimular professores e alunos a explorar, de modo mais eficaz, o meio ambiente do ponto de vista didático-pedagógico.

Contribuir para melhorar a formação do aluno como pessoa.

Descrição

Discutiu-se do ponto de vista filosófico e pedagógico, a necessidade de se realizar excursões como uma maneira de integrar o aluno ao seu meio ambiente e ao mundo em que vive.

Salientou-se o aspecto, ao mesmo tempo formal e informal, dessas atividades e seu valor como recurso didático e pedagógico. A metodologia de realização de uma excursão foi descrita de modo a elucidar as dúvidas de professores e alunos interessados em realizá-las e foram sugeridos diversos locais para serem visitados.

Resultados

Conhecimento das principais dificuldades que um professor enfrenta ao realizar uma excursão. Desenvolvimento de uma mentalidade nos professores e alunos de valorização das excursões e respeito ao meio ambiente.

Propostas futuras

Participar na organização e promoção de cursos de Educação Ambiental para professores.

Desenvolver mais excursões para conscientização sobre a necessidade de Educação Ambiental.

3.4 Análise das condições ambientais da região

Objetivos

Iniciar, em níveis local e regional, a conscientização das comunidades.

Compreender a evolução das condições ambientais da região.

Desenvolver a consciência de que diferentes formas de ocupação do solo e de sistemas econômicos interferem na dinâmica natural dos sistemas ecológicos.

Propor um projeto simples de Educação Ambiental adequado à realidade da escola.

Descrição

Estrutura da reunião para professores e alunos de 1º e 3º graus – duração: 2 horas. Atitudes do cotidiano que interferem na qualidade do ambiente (dinâmica de grupo). Evolução das condições ambientais na região (palestra).

Ampliação dos impactos ambientais em diferentes períodos da história (trabalho em grupo).

Estudos do meio – industrialização (observação e coleta de dados).

Interpretação dos dados coletados sobre o ambiente. Orientação para proposta de projeto de Educação Ambiental a ser incluída no planejamento da escola. Avaliação do curso e das propostas apresentadas (dinâmica de grupo). Material elaborado para o curso: apostila “Dinâmica do turismo”, mapas, maquetes; slides e fotografias para interpretação da paisagem.

Resultados

Os professores apresentaram propostas de atividades muito acima das expectativas e procuraram:

1. Discutir o que é qualidade de vida da comunidade;

2. O lixo e o meio ambiente: higiene pessoal, o lixo na escola, no bairro, na cidade, no país;

3. O que fazer para melhorar a qualidade de vida do aluno?

Propostas futuras

Palestras e/ou cursos para professores para análise mais aprofundada das condições ambientais na região, utilizando o conceito de indústria como unidade de pesquisa.

Descrição

O conteúdo foi baseado em dados do currículo de Ciências e Geografia do Ensino Fundamental.

Para ambos os graus (todas as séries), a elaboração de uma mostra de trabalhos interdisciplinares baseados em um tema central e desenvolvidos dentro de cada disciplina de acordo com o conteúdo e o interesse de cada aluno.

Tema abordado – ECOLOGIA, entre outros tópicos, dentro das diversas disciplinas que trabalharam o assunto.

Resultados

Não basta restringir a Educação Ambiental à sala de aula e ao aluno. Não basta promover um debate e deixá-lo sufocado dentro da escola.

Como torná-la pública e fazer com que a comunidade e mesmo o próprio aluno a valorizem? Através de mostras nas quais o aluno seja o responsável pela elaboração, montagem e demonstração e o professor atue como orientador.

Propostas futuras

Qualquer proposta deve ser baseada na interdisciplinaridade e, na falta desta, a Educação Ambiental perde sua função, mesmo porque não pode haver uma única disciplina que abranja toda a Educação Ambiental. Uma reciclagem entre professores e cursos nas próprias escolas é uma proposta na qual os professores devem trabalhar.

 

4 DISCUSSÃO DOS RESULTADOS

Do ponto de vista privado, a poluição é resultado da tentativa de reduzir ao máximo os custos de uma atividade. No entanto, tal procedimento impõe custos a outros indivíduos da sociedade, sendo, portanto, inaceitável, quando adotado pelo poder público, cujas ações devem ter por finalidade atender às necessidades sociais, de forma equânime. Desenvolvemos as seguintes atividades com os alunos de 5ª a 8ª séries de uma escola pública da cidade de Minaçu-GO.

a) Campanhas informativas

foram realizados programas educacionais, datas comemorativas correlatas ao meio ambiente através de textos, concurso de frases, elaboração de cartazes, construção de murais ecológicos, dramatização e dança.

b) Passeio ecológico

Foi realizada uma visita com um grupo de estudantes a algumas praças de Minaçu-GO. O foco da visita foi despertar para a importância de conservação da praça limpa e os impactos negativos do lixo nesse tipo de ambiente.

c) Outras atividades práticas ligadas ao meio ambiente

Essas atividades foram realizadas no ambiente da escola e tiveram duração até o final do projeto. Foi prevista a realização de campanhas e feiras, com o envolvimento direto da comunidade na organização e realização dos trabalhos.

Foram implementadas as seguintes campanhas:

- Campanha da limpeza da escola com a separação do lixo orgânico, de restos de alimentos da merenda escolar, e da poda do jardim para a realização da compostagem.

- Campanha do verde com grupos de alunos, adotando árvores.

- Feira de Geografia visando integração e criatividade dos alunos.

Na escola, os alunos de educação e esclarecimento quanto às atividades de coleta seletiva de lixo realizados em todos os ambientes e professores, alunos e funcionários foram orientados sobre a necessidade e vantagens da adoção do hábito de depositar o lixo doméstico em recipientes distintos, de acordo com a natureza de cada um. Foram adotados dois tipos de recipientes, um para restos de materiais orgânicos (restos de comida, cascas de frutas e verduras) e outro para os demais tipos de lixo, que foram destinados à coleta municipal. Com os restos orgânicos foi feita a compostagem em local adequado e o produto da compostagem foi utilizado na adubação da horta escolar e jardins.

Contou-se ainda com a realização de um treinamento para alunos e pais sobre o plantio de hortas e jardins. Nesse caso foram solicitadas orientações técnicas de especialistas na comunidade. A área de jardinagem ofereceu perspectivas de emprego para adolescentes de família de baixa renda, que apresentam escolaridade mínima e reduzidas condições de inserção no mercado de trabalho.

Analisando o assunto verificamos que a cidade apresenta problemas de poluição, decorrentes do lixo, como várias cidades brasileiras, mas que o porte médio da cidade litorânea faz com que sua capacidade de reciclagem de matérias-primas seja insignificante em relação á dimensão total do problema nacional. No entanto, é possível que o estabelecimento de uma política de reciclagem consistente resolva o problema local da disposição de resíduos. Tal efeito generalizado por outras cidades traria um benefício significativo, no que diz respeito a melhorias sócio-ambientais e econômicas.

A administração pública possui diversos tipos de intervenção no setor de recuperação e reciclagem de materiais, tanto através da oferta de materiais recicláveis, como por exemplo, o papel, quanto na outra ponta da cadeia, criando uma demanda específica para produtos reciclados.

Nos Estados Unidos, o presidente Nixon, impôs o uso de material reciclado branqueado na administração federal.

Ray e Guzzo (1992) afirmam que na França a partir de 1999, o Jornal Oficial passou a ser impresso em papel reciclado. O Ministério do Meio Ambiente organizou a coleta seletiva de papéis e passou a exigir relatórios em papel reciclado.

Em 1990, 20% do papel utilizado pela administração americana era reciclado e praticamente todo o papel impresso pelo Ministério do Meio Ambiente francês também era feito de fibras secundárias.

A prefeitura de Goiás consome, mensalmente, cerca de 500.000 rolos de papel higiênico e milhares de fardos de toalhas de papel, produtos que já são, na sua maioria, reciclados.

De modo geral no Brasil, existe uma economia informal que emprega um grande número de pessoas carentes, na seleção de materiais contidos no lixo. Assim, as empresas fornecem materiais recicláveis a várias indústrias, arcando, no entanto, com uma série de inconvenientes sanitários e ambientais.

Os custos sociais, gerados pela disposição e seleção inadequadas do lixo, exigem uma ação consistente do poder público, no sentido de garantir a qualidade de vida e do meio ambiente, sem eliminar, no entanto, as possibilidades de emprego e de sobrevivência das pessoas miseráveis dedicadas à catação de materiais recicláveis.

Esse trabalho teve como objetivo geral avaliar os impactos do atual quadro de disposição de lixo no município de Minaçu-GO, caracterizado pela utilização de vazadouros (disposição de lixo a céu aberto), sobre o bem-estar da população e a importância, do ponto de vista social, ambiental e econômico, da compostagem e reciclagem de resíduos.

Os resultados foram que se deve avaliar os custos e benefícios sociais da disposição do lixo a céu aberto; avaliar os custos e benefícios privados da usina de reciclagem de lixo e estimar o benefício social líquido do projeto de reciclagem.

Devem ser medidos os custos ambientais da disposição inadequadas de lixo, utilizando-se para isto, do efeito sobre os recursos produtivos, como uma forma de expressar as externalidades, em termos financeiros. No entanto, deve-se observar que estas são subestimadas, dada a dificuldade de medi-las integralmente. Isto não significa que os aspectos não-mensurados sejam irrelevantes. Ao contrário, eles devem ser considerados e qualificados, juntamente com os critérios econômicos, na tomada de decisões pelo setor público, para satisfazer necessidades coletivas.

O mau cheiro e a poluição visual, tampouco são mensurados em trabalhos de poluição ambiental, embora sejam elementos do meio ambiente que pressionam significativamente, e de forma negativa, a qualidade de vida e o bem-estar na região próxima aos vazadouros.

A invasão de animais no lixão às propriedades vizinhas e a proliferação de moscas, cujo raio de vôo chega a atingir 10 km por dia, geraram externalidades subestimadas nestes estudos.

É preciso que sejam abordados todos os ângulos do problema (e não apenas alguns deles), para que as autoridades possam tomar todas as providências possíveis para sanar o problema da poluição urbana.

 

CONCLUSÃO

O meio ambiente, pela sua mera existência e beleza, pela sua capacidade de satisfazer necessidades biológicas, psicológicas e espirituais humanas, é um bem muito valioso.

Foi possível concluir neste trabalho, que a industrialização, sem os recursos necessários de proteção ambiental, reflete um problema sócio-econômico, com implicações negativas sobre o meio ambiente.

Á medida em que se protela a solução definitiva do problema, agrava-se a desintegração dos catadores, em relação ao meio social, ao mesmo tempo em que se reforça nessa população, uma dependência aviltante do lixo, como meio de satisfação das necessidades básicas de alimentação, moradia e segurança, dentro de padrões de qualidade os mais baixos possíveis.

Na verdade, o que é degenerado e inaproveitável, no juízo de valor da sociedade, é a única fonte de sobrevivência de uma população miserável.

A degradação da condição humana e das relações sociais reproduzem-se às custas de um tratamento inadequado da questão do lixo. Além disso, os efeitos negativos da disposição de resíduos nas cidades brasileiras, assim como em Minaçu-GO, atingindo seus locais turísticos e escolas, estendem-se além dos limites do lixão, na medida em que este se mostra como um foco de possível disseminação de doenças para outras partes da cidade.

O atual depósito apresenta-se, ainda, como um fator que contribui para a veiculação de uma imagem extremamente depreciada do município.

A estratégia utilizada atualmente para a disposição do lixo demonstra um conflito entre o método adotado e o objetivo almejado. O lançamento dos resíduos municipais a céu aberto mostra ser um foco de contaminação e gerador de efeitos externos negativos. Contraditoriamente, o objetivo seria promover o saneamento público.

De acordo com os resultados deste trabalho, foi possível concluir que a falta de investimentos e a minimização dos gastos públicos como tratamento do lixo trazem consequências prejudiciais às atividades econômicas e à saúde humana, incidindo diretamente sobre uma parcela da população e, indiretamente, sobre todo o município.

A usina de reciclagem apresenta-se como uma alternativa viável, do ponto de vista social, para reduzir imediatamente após a sua instalação, e de forma drástica, grande parte do lixo produzido pela cidade, liberando espaços e melhorando a qualidade dos recursos naturais. Além disto, a usina absorve todas as pessoas que selecionam materiais recicláveis no vazadouro.

O processo de educação ambiental e de coleta seletiva são importantes e complementares e complementares à usina, mas, isoladamente, a coleta seletiva é menos eficiente, pois normalmente, apresenta resultados de prazo muito longo, sendo, portanto, incompatível com a necessidade de uma solução urgente e efetiva para o problema de resíduos sólidos, já protelada por muitos anos no município de Barra bonita-SP.

A educação ambiental objetiva a população, mas não é o povo, o responsável pela contaminação decorrente da disposição a céu aberto, e sim, o poder público, que lança os resíduos municipais em vazadouros. Assim, a educação ambiental, bem como a coleta seletiva, não resolvem, por si só, o problema do depósito a céu aberto, e nem o da população destas imediações, que sofre as consequências indesejáveis, decorrentes da prática adotada pelo setor público, de lançar resíduos, sem o tratamento adequado.

Ao contrário, integrada à reciclagem intensiva, a educação ambiental e a coleta seletiva aumentam a eficiência da usina e garantem uma maior qualidade dos produtos por ela processados. Portanto, a educação ambiental é uma atividade essencial ao desenvolvimento da sociedade e, sua promoção, por parte do poder público e das entidades de educação, deve estar integrada à política de saneamento propriamente dita, visando desenvolver, na população, uma postura de cooperação e cobrança em relação ao tratamento do lixo.

Deve-se observar que, dado o seu caráter social e a sua importância, no que diz respeito ao desenvolvimento do município, o tratamento do lixo é uma atividade, cuja execução cabe ao poder público, o que deve, obrigatoriamente, manter a eficiência do serviço, podendo concedê-lo a terceiros, desde que isto leve a uma melhora efetiva do serviço e a um ganho de bem-estar para a sociedade.

Quanto à educação ambiental em âmbito escolar, cabe salientar que as atividades aplicadas e desenvolvidas com os alunos indicaram que o projeto é viável para uma empresa pública, de cunho sócio-ambiental, sendo bastante atrativo aos alunos e professores envolvidos.

Pode-se mesmo argumentar que, em matéria ambiental, a escola é um ótimo alvo, pois o que se busca é a manutenção da qualidade dos recursos naturais para as gerações futuras, mesmo que os resultados se manifestam a longo prazo.

Como o objetivo principal dos projetos públicos não é a lucratividade financeira, mas sim o bem-estar social, a taxa interna de retorno é bastante satisfatória, justificando, assim, a atuação do poder público, como um empreendedor no mercado de resíduos.

Deve-se observar, ainda, que o verdadeiro retorno do projeto de uma escola pública da cidade de Minaçu-GO foi bem superior ao esperado, quando são incluídos nos benefícios, as melhoras sociais e ambientais, promovidas pelo projeto de reciclagem. Neste caso, ficou demonstrado que o projeto de aproveitamento do lixo urbano é viável, constituindo-se em um sistema de tratamento de resíduos sólidos muito superior ao atualmente utilizado no município.

Finalmente, cabe salientar a importância de novos estudos, que venham abordar o mesmo tema do presente trabalho, trazendo novos subsídios e ampliando o conhecimento do assunto. Trabalhos posteriores, voltados ao estudo do mercado de resíduos ao longo do tempo, à pesquisa de tecnologias para aproveitamento de lixo e aprimoramento da qualidade dos produtos reciclados, e ao estudo dos impactos dos detritos urbanos sobre a saúde e o meio ambiente, entre outros, são fundamentais ao desenvolvimento da sociedade.

Conclui-se que a solução segura, menos onerosa e ao alcance de todos, encontra-se vinculada à promoção da Educação Ambiental, indispensável à conscientização de todos sobre a imperiosidade do uso racional dos recursos naturais e culturais ao meio ambiente ecologicamente equilibrado.

A Educação Ambiental de forma permanente, deve ser promovida a todos os níveis de ensino e transmitida a todas as pessoas, independentemente de sua idade ou classe social. Deve, ainda, ser objeto, dentre outros aspectos, de reflexão, promoção, ação, pesquisa científica, inovação, intercâmbio ou troca de experiências nos âmbitos local, regional, nacional e internacional, no interesse de todos.

 

SUGESTÕES

Sugere-se o estudo dos problemas ambientais do autor Dias (1992) em todo processo educativo, numa percepção humana, crítica e sensível da relação Homem-Meio Ambiente, necessária à formação do cidadão.

Sugere-se ainda que as pessoas interessadas reflitam sobre a educação brasileira, os problemas ambientais, os modelos econômicos e as características ambientais de sua região.

Que sejam realizadas orientações técnicas a todos os professores versando sobre: momento atual da educação no Brasil, postura do educador, noções básicas para o conhecimento da dinâmica do meio ambiente, crítica ecológica à civilização urbano-industrial, crise ambiental, características ambientais da região, aspectos didático-metodológicos em Educação Ambiental e prática de campo de interpretação de meio urbano, rural e natural.

 

BIBLIOGRAFIA

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 MARGULIS, S. (org.). Meio ambiente - aspectos técnicos e econômicos. Brasília: IPE/PNUD, 1990.

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 ORTH, M. H. A. Reciclagem de materiais de embalagem e seus aspectos práticos e econômicos. São Paulo: CETESB, 1999. p. 129-40.

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 RAY, D. I. e GUZZO, L. Sucateando o planeta. Rio de Janeiro: Expressão e Cultura, 1992.

 REIGOTA, M. O. O que é Educação Ambiental. 2. ed. São Paulo: Brasiliense, 1994.

 SÃO PAULO (Estado). Secretaria de Estado do Meio Ambiente. Educação Ambiental popular. Em Aberto. Brasília: INEP, ano 10. N. 49. Jan. mar. 1998.

 SEBRAE. A questão ambiental: o que todo empresário precisa saber. Brasília, 1996.

 SERÔA DA MOTA, J. Análise de curso-benefício do meio ambiente. Meio ambiente – aspectos técnicos e econômicos. Brasília: IPEA/PNUD, 1990. p. 109-34.

 YOUNG. J. E. Reduzindo o desperdício, economizando materiais. Qualidade de vida: salve o planeta. Trad. de N. R. Eichemberg e M. A. F. Bueno. São Paulo: Globo, 1998.

 

ANEXO – ANÁLISE DAS CONDIÇÕES AMBIENTAIS DO ESTADO DE GOIÁS, UTILIZANDO A CIDADE DE MINAÇU COMO UNIDADE DE ESTUDO

Objetivos

Iniciar, em níveis local e regional, a conscientização das comunidades.

Compreender a evolução das condições ambientais no Estado.

Desenvolver a consciência de que diferentes formas de ocupação do solo e de sistemas econômicos interferem na dinâmica natural dos sistemas ecológicos.

Propor um projeto simples de Educação Ambiental adequado à realidade das escolas do município.

Descrição

Estrutura da reunião com professores e alunos de ensino fundamental e médio.

Duração: 2 horas. Atitudes do nosso cotidiano que interferem na qualidade do ambiente (dinâmica de grupo). Evolução das condições ambientais na cidade (palestra).

Avaliação dos impactos ambientais em diferentes períodos da historia (trabalho em grupo). Estudos do meio – turismo em Goiás (observação e coleta de dados).

Interpretação dos dados coletados sobre o ambiente goiano. Orientação para proposta de projeto de Educação Ambiental a ser incluída no planejamento da escola.

Avaliação do curso e das propostas apresentadas (dinâmica de grupo). Material elaborado para o curso: apostila “Dinâmica do turismo goiano”; mapas; maquetes; slides e fotos para interpretação da paisagem.

Resultados

Os professores apresentam propostas de atividades e procuram:

1. Discutir o que é qualidade de vida da comunidade;

2. O lixo e o meio ambiente: higiene pessoal, o lixo na escola, no bairro, na cidade, no País;

3. O que fazer para melhorar a qualidade de vida do aluno?

Propostas futuras

Curso para professores para análise mais aprofundada das condições ambientais na região, utilizando o conceito de turismo como unidade de pesquisa.